Editorial

A esperança é no ser humano

Não há um cidadão com um pingo de bom coração que não esteja vivendo com seu coração apertado, vontade de chorar, desespero e um pouco pânico. Vivemos uma sequência de tragédias inimagináveis nos últimos quatro anos. Pandemia, desastres naturais, enfim. No entanto, no meio disso tudo, é alentador ver que não há caos geral que seja páreo para a humanidade. Para o bom sentimento. Para a boa ação, benevolência, voluntarismo e luta pelo próximo.

As cenas que chegam de Porto Alegre e demais regiões do Estado nos sufocam, aqui na Zona Sul. Aos poucos, vemos a água subindo, famílias nas regiões banhadas pela Lagoa dos Patos e Canal São Gonçalo deixando seus lares e o temor é que haja um cenário geral similar, algo felizmente pouco provável, de acordo com os especialistas que falaram com o jornal nas últimas horas. Horas, claro, já que vivemos em um momento que é difícil projetar dias.

Mas, se todas as imagens de dor nos causam essa angústia, a movimentação coletiva nos mostra que, mesmo diante de todas as adversidades, é na solidariedade que devemos nos abraçar. Diante de cenas de guerra, os voluntários deixando suas casas para ir ajudar às margens do Guaíba, os cordões humanos para ajudar na saída de locais de risco, as toneladas de alimentos, roupas, água potável e outros insumos chegando.

Muitos falam que não é momento de cobrar, mas é sim. Sabe-se que, em muitos níveis de prevenção, houve falhas e no momento oportuno autoridades devem ser apertadas pela imprensa, pelos órgãos de investigação e demais poderes para explicar os problemas na contenção em Porto Alegre, algumas demoras em ações, problemas de fornecimentos, lentidão em tomadas de decisão e tudo mais. Para muitos, esse foi um momento de perder ainda mais fé em gestores públicos e confiar apenas nas individualidades e coletivos. Não dá pra ser assim. O Estado organizado e democrático é base da nossa sociedade e precisamos agir dentro das regras de tal. É o que nos torna civilizados. Ter fé nisso é ter fé também na cobrança.

Mas é alentador ver que ainda dá para ter fé nas pessoas. Na coletividade em busca da benemerência e na solidariedade. Quando tantos outros fatores falham, o espírito natural de bondade do ser humano não falha. Mesmo que haja um ou outro que destoe, é da nossa essência fazer o bem ao próximo.​

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